A Psicanálise é uma abordagem terapêutica desenvolvida pelo médico
alemão Sigmund Freud baseada na observação e investigação do inconsciente com o
intuito de tratar distúrbios psíquicos. O que na década de 1890 surgiu para
tratar pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos, passou a ocupar um
segmento de metodologia de pesquisa em diversas ciências humanas. Para Coutinho
(2006), a difusão da psicanálise em diversas culturas, como a educação, justifica-se para a compreensão da ineficiência do processo de
aprendizagem dos aluno com foco na análise da literatura pedagógica
contemporânea e na mudança do comportamento dos pais que buscam evitar
conflitos e favorecer o desenvolvimento emocional e cognitivo dos filhos.
Se as práticas educativas acompanham o desenvolvimento da sociedade
humana, e se os objetivos da educação consistem em construir o homem e o seu
meio social, o estudo da psicanálise vem contribuindo para que a educação não
seja apenas um direito, mas também um desejo. O objetivo não é transformar os
educadores em psicanalistas ou terapeutas, mas que estes tomem consciência de que o desenvolvimento psicológico da criança está atrelado ao papel desempenhado pela escola visto que é nela que ela passa boa parte
do tempo estudando e assimilando valores.
Nesse contexto, se a função da educação é reprimir desvios de
comportamento considerados anti-sociais e preparar o homem para a vida, é
imprescindível que os educadores se apropriem das teorias psicanalíticas para
que haja a transferência da relação pedagógica entre este e os alunos
propiciando aprendizagem efetiva através do desejo de se apropriar do mundo, da
descoberta do novo e da superação das adversidades.
Os professores identificando os mecanismos de defesa apresentados pelo
educando, podem auxiliá-lo na superação dos medos e no seu desenvolvimento
cognitivo sem prejuízos à sua identidade e intelectualidade. A psicanálise
considera que o sucesso ou o fracasso do processo de ensino e aprendizagem
depende da interação entre o professor e o aluno, o que denominou de educação
centrada na pessoa. Segundo Leite e Batista (2010), é necessário que o
professor encontre um ponto ótimo onde possa ser beneficiado pelo saber
psicanalítico sem que renuncie a sua posição pedagógica para que ele se dê
conta da importância de sua posição diante do processo de aprendizagem da
criança abortando-lhe sentimentos persecutórios ou de impotência.
A política educacional brasileira integra um conjunto de políticas
sociais que objetiva a oferta do direito à
educação a todos. O foco dessas políticas públicas, face às diversas
dificuldades enfrentadas pelo sistema de ensino é justamente a oferta de uma
educação de qualidade priorizando metas definidas em um plano nacional de
educação para que esta melhoria da qualidade realmente ocorra.
Na atual sociedade em que vivemos, assolada de desigualdades sociais,
insegurança, perda de valores familiares e a identidade da própria escola,
pensar na efetiva educação das nossas crianças implica agregar o pensamento e a
prática pedagógica a outras ciências, como a psicologia e a psicanálise por
exemplo. A ausência de restrições e orientações na escola e na família, aliada
ao abuso da liberdade e disseminação de informações do processo de
globalização, tendem desviar o comportamento das crianças
dentro de um comportamento dito saudável e apropriada aos seus respectivos
ciclos etários, produzindo uma verdadeira legião de delinqüentes que
desequilibram o ambiente de aprendizagem dentro das nossas escolas. Nesse sentido, o papel das terapêuticas é ajustar as disposições que
conduziram esses jovens e crianças às condutas indesejáveis que conturbam a
prática pedagógica e o processo de ensino e aprendizagem.
É bem verdade que o professor não é o profissional qualificado para a
realização de sessões psicoterápicas com sua turma. No entanto, faz-se
necessário um estudo mais aprofundado na academia das teorias psicanalíticas
para que o educador seja um aliado ao terapeuta, psicólogo ou psicopedagogo no
atendimento dessas crianças como requisito essencial para a manutenção de sua
própria saúde física e mental já que enfrentar os problemas da rede de ensino é
uma tarefa desgastante para toda a equipe escolar. O que observamos é um
discurso psicanalítico unânime dos professores quando obtém êxito em seu
trabalho associando o sucesso do fazer educativo a uma “terapia” para os mesmos
e os envolvidos na construção do conhecimento.
Não há como não explicitar a hierarquia das necessidades básicas de
Maslow e sua importância no desenvolvimento da aprendizagem das crianças,
focando o sucesso da educação na compreensão da natureza humana numa abordagem
humanística. É incontestável a criação de condições de aprendizagem promovidas
pela Tríade Rogeriana uma vez que as condições propostas por Rogers permitem
que a criança se sinta livre para aprender; que a transferência pedagógica
citada por Freud se dá na relação que a criança cria com o seu professor,
idealizando-o como um substituto materno ou despertando um clima de ódio e
medo. O conhecimento será adquirido se houver o desejo de aprender engrenado a
partir da idealização do professor, pela criança, como modelo ideal, do
heroísmo, da vontade de ser igual a ele.
A psicanálise não surge no campo educativo para substituir a pedagogia,
mas para aliado a ela, auxiliar o professor na busca de metodologias que
ofereçam um melhor desempenho da sua prática com
ênfase no fortalecimento das relações interpessoais dentro da escola para
os objetivos do processo de ensino sejam
alcançados. Aprofundar-se num discurso psicanalítico tem sido apenas mais uma
estratégia empreendida pelo educador para a compreensão e intervenção nos
“desvios” do processo da aprendizagem para que a educação aconteça de forma
democrática, ou seja, todos aprendem efetivamente e crescem na solidariedade
preservando suas individualidades.
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