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OS DESAFIOS DO PLANEJAMENTO E DA AVALIAÇÃO




A avaliação e planejamento pedagógico sempre estiveram intrinsecamente interligados. È durante o planejamento que refletimos, decidimos e projetamos o que iremos construir de conhecimento junto com aluno, estando a ser, a avaliação, o mecanismo de verificação  como anda o trabalho que foi previsto. Neste sentido, podemos concluir que a avaliação procede ao planejamento, que são os pilares de sustentação do processo de ensino e que ambos constituem o início e o fim da prática pedagógica.
         Refletir sobre planejamento e avaliação é essencial para o bom desempenho das ações educacionais, já que, quando bem estruturados, proporcionam êxito e autonomia aos alunos e consolidam o sucesso da função da escola. Os problemas que permeiam o planejamento e avaliação são constantes no âmbito da escola onde trabalho, tão quanto é constante os dilemas referidos pelos professores acerca do tema em outras unidades. Contudo, a escola não pode perder de vista a sua função que é de contribuir para a formação dos seus alunos para que eles possam desenvolver competências e desempenhem uma cidadania crítica e reflexiva.
         Dentre os problemas comuns a muitos outros estabelecimentos, constata-se que a falta de suporte pedagógico no planejamento é um fator desencadeante de inúmeras dificuldades no processo de ensino. Neste tópico, vale ressaltar duas observações: A primeira, é que os professores necessitam de monitoramento de suas práticas e esse suporte deve ser oferecido por um especialista. O coordenador pedagógico deve ser o profissional preparado para acompanhar e direcionar de forma efetiva e eficaz o planejamento de sua equipe. Deve conhecer a fundo a realidade das salas de aula e as deficiências de seus professores, sendo o responsável pela realização das mudanças possíveis e cabíveis para melhorar a qualidade do planejamento das ações e consequentemente a melhoria do ensino. O segundo ponto a se discutir é a realização do planejamento coletivo. A escola não é um ambiente único e isolado, trata-se de uma comunidade com contingente considerável de diferentes pessoas com suas especificidades. Não se trabalha uma prática educativa isolada porque esta mesma prática se dá em um contexto social e comunitário. Diante disto, faz-se necessário a realização de um planejamento coletivo entre todos os docentes e gestão, paralelo ao diálogo de como está sendo desempenhado o papel da escola. Todos precisam ter uma visão generalizada do contexto da unidade de ensino e de seus componentes para que o trabalho flua em harmonia nos diversos ambientes que compõem a escola, já que o planejamento é definido a partir da condição e da realidade onde serão propostas as ações e desdobradas em práticas e rotinas.
         O processo de avaliação é o segundo problema que mais nos chama a atenção na escola e antecipadamente podemos interligá-lo às questões de um planejamento inadequado. Os altos índices de reprovação escolar estão inteiramente acoplados  à metodologia aplicada ao processo. A avaliação não pode ser vista como uma atividade isolada e limitar-se à qualificação quantitativa. Ela precisa ser feita com objetividade, sabendo aonde se deseja chegar em termos de proficiência, eficácia, efetividade, relevância e pertinência, sendo um processo de coleta de informações confiáveis com o objetivo de formar uma diplomacia de valor sobre o que foi avaliado. Muitos professores ainda adotam o velho e tradicional exame escrito como forma única de avaliar a aprendizagem dos alunos, sendo esta forma seletiva, conteudista, fechada e inquestionável. É preciso que se direcione  a avaliação para os aspectos cognitivos, afetivos e relacionais que se renovam a cada momento de construção vividos pelos alunos. Quando o professor entende a avaliação como um ato de planejar, executar e direcionar o que os alunos querem e precisam aprender, ele adquire também a necessidade de reflexão sobre sua própria prática, visto que compreender o porquê e como o aluno não teve bom desempenho na ação, automaticamente se rever suas estratégias de ensino.
         Paralelo às múltiplas facetas da avaliação, o terceiro problema elencado nesta discussão, está a falta de acompanhamento integral do processo de ensino e aprendizagem dos alunos. A escola deve pensar um modelo de monitoramento para saber quais as dificuldades apresentadas pelos alunos e procurar buscar soluções que garantam a aprendizagem e fortaleça o processo pedagógico. Os agentes escolares devem decidir sobre as intervenções e redimensionamentos necessários face ao Projeto Pedagógico com o apoio incondicional do Conselho Escolar, bem como da família. Esse monitoramento se traduz também em avaliação. A família não pode ser um entrave nessa dinâmica, muito pelo contrário, ela deve ser a parceira da escola e precisa estar ciente disto ainda que pautada na legislação vigente que condiciona a ela, juntamente com o estado, a sociedade e a escola, garantir com absoluta prioridade, o direito à educação de qualidade às crianças e adolescentes.
         Vale ressaltar ainda, que o apoio pedagógico aos professores, discutidos no início do texto na realização do trabalho docente, fortalece o vínculo com a gestão e promove a participação de toda a comunidade escolar. Não basta apenas detectar problemas; é preciso que se busque soluções. No que se refere ao acompanhamento, a escola deve oferecer tempo de apoio aos alunos com dificuldades no contra turno, realizando projetos de reforço  aceleração de conteúdos para que tenham condições  de se enquadrar nas matrizes curriculares adquirindo as competências e habilidades para o avanço educacional.
         A boa vontade e o compromisso do professor já é um bom começo. Mas não educar para a tecnologia e o mundo globalizado exige muito mais. O quarto problema enumerado na minha instituição de ensino se volta justamente para a falta de recursos didático-pedagógicos. Educar deixou de ser simplesmente a exposição de conteúdos e priorizou a gestão e formação de pessoas para mudar a realidade social  das mesmas.No que tange à condução das metodologias citadas  no planejamento, muitos são os obstáculos a serem superados pelos professores que disponibilizam em muitas escolas deste país apenas do giz para desempenhar seus papéis. Diante das inúmeras transformações sociais vividas na atualidade, a escola necessita equipar seus ambientes para acompanhar essa realidade, como sustento único na execução das estratégias inovadoras pensadas pelo professor e modelo atrativo para aos alunos. Essa nova prática educacional requer a integração de inúmeros recursos didáticos e tecnológicos refletidos nas ações desempenhadas pelos alunos e na materialização destas ações no contexto escolar. A escola tem sofrido com o desenvolvimento acelerado que ocorre ao seu redor fazendo com que a sala de aula por si só, se torne um ambiente de pouca relevância para a construção do conhecimento. Assim, faz-se oportuna, a reflexão do processo educativo, onde toda a comunidade escolar passe a vivenciar essas transformações de forma a beneficiar a prática pedagógica buscando novas formas  didáticas e metodológicas de promoção de ensino.
         O desfecho deste discurso fundamenta-se no quinto problema enfrentado pela escola, que é a falta de sistematização dos conteúdos estudados pelos alunos com vistas aos resultados das avaliações externas. O Brasil possui diversos tipos de avaliações com o objetivo de avaliar, aferir desempenho, produzir indicadores e diagnosticar a situação da aprendizagem dos alunos. A escola não tem acompanhado os níveis de proficiência estabelecidos pelas matrizes de referência ficando classificada em 2010 com a média de 167,3 em Língua Portuguesa e 189,9 em Matemática. Esses números chamam a atenção uma vez que enquadram a escola no nível muito crítico de proficiência e denunciam a defasagem do ensino adotado nas séries/anos analisados, onde os alunos não conseguiram desenvolver as competências e habilidades contempladas nos seus respectivos descritores. 
         Os resultados obtidos nas avaliações externas servem para que o governo conduza as políticas públicas sendo indutores curriculares. É preciso atenção aos conteúdos uma vez que a avaliação do sistema não orienta o professor como fazer escolhas pedagógicas mais vigentes. Desse modo, é necessário um acompanhamento atento das crianças e de seus progressos e dificuldades, o que nos remete à temática inicial: o planejamento e avaliação como chave de resolução dos problemas. No planejamento é importante se conhecer os diferentes graus de conhecimento dos alunos levando em conta a realidade sócio-econômica e cultural onde estão envolvidos e suas faixas etárias. Ele deve ser o resultado da contribuição de todos aqueles que compõem o corpo profissional da escola. Esse planejamento não pode esquecer os fatores extracurriculares que influenciam diretamente a avaliação e deve estar em consonância com os itens das matrizes de referência do SAEB, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino, reduzindo as desigualdades e democratizando a gestão do ensino público.
         Esses problemas não são uma exclusividade da escola onde eu trabalho. Contudo, identificá-los, analisá-los e expô-los, desencadeia em todos que fazemos a Comunidade escolar, uma reflexão sobre o trabalho que a instituição vem oferecendo aos nossos alunos. Cabe a todos nós, profissionais da educação, buscar soluções para estes enfrentados, dentro de um diálogo aberto, interativo e participativo, considerando os múltiplos fatores – internos e externo à escola, pautado na auto-avaliação que podemos fazer do nosso trabalho e de novo planejando as ações para a construção de um modelo de educação de qualidade e igualdade para todos.


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